terça-feira, 29 de maio de 2012

Caros amigos...


William Faulkner datilografando calmamente e sem camisa


O grande escritor e Prêmio Nobel de Literatura, William Faulkner, dizia: “O escritor não precisa de liberdade econômica. Necessita de lápis e papel. Eu jamais soube de qualquer escrito bom que tenha decorrido do fato de o autor ter aceitado qualquer presente de dinheiro. O bom escritor jamais solicita subsídio a qualquer instituição cultural. Está sempre ocupado escrevendo alguma coisa”. (Escritores em Ação, As famosas entrevistas à Paris Review, Paz e Terra, 1982). Para Faulkner, o autor deve se preocupar com sua literatura, com seu texto. Essa ideia vale também para os jornais culturais, que devem estar focados na preocupação de oferecer ao leitor bons textos e matérias interessantes, atemporais, que sejam lidas em todos os lugares e em qualquer momento e estejam, mesmo com o passar dos anos, sempre atuais.
O desafio de Faulkner, de abster-se do trabalho feito a partir de subsídios oficiais, também move, até os dias de hoje, o jornal cultural Clandestino, que chega à sua vigésima segunda edição com a mesma proposta inicial: um jornal alternativo, sem oficialismos e a serviço da promoção e difusão da literatura alternativa brasileira, aquela que não chega às páginas dos jornalões nacionais, porém, mesmo enfrentando as dificuldades comuns a publicações do gênero, acabam por abranger o seletivo grupo daqueles que realmente pensam a cultura fora dos padrões oficiais e das chamadas manifestações de massa.
Movidos por essa premissa, sempre na contramão da chamada “cultura oficial”, longe dos holofotes das grandes editoras, o Clandestino acaba de dar mais um passo crucial na sua história de conquistas e de muitas lutas: é, agora, filiado à Federação Brasileira de Alternativos Culturais (FEBAC), com sede em São Paulo e abrangendo quase todo o País, tendo, em seu cadastro, publicações alternativas, fanzines, jornais, site e revistas que trabalham com conteúdo totalmente cultural.
Essa conquista, que chega no ano em que o Clandestino completará dez anos de existência, se constitui na soma de esforços de todos aqueles que, durante todos esses anos, estiveram conosco, colaborando, escrevendo, adquirindo ou incentivando, com palavras, gestos e ações nossa publicação, uma publicação voltada exclusivamente para a cultura, a literatura e a boa arte.
Está à frente de um jornal como o Clandestino não se configura, em nada, em ter a obrigação de fazer um periódico, mas, acima de tudo, na satisfação de oferecer ao leitor exigente um produto que esteja à altura dos melhores paladares, por assim dizer.
Editar, distribuir, escrever e, acima de tudo, construir uma história literária ao lado de novos autores é uma descoberta constante, um aprendizado que nos move para colocarmos nas ruas mais e mais jornais, para publicarmos mais e mais autores, para festejarmos ainda com maior intensidade a literatura que, por um motivo ou outro, acaba por não chegar a outros públicos. Fazer isso, participar do momento da construção de uma ideia, distribuir autores, nas nossas doze páginas, sempre econômicas e bem ocupadas, é uma satisfação que, a bem da verdade, não tem preço. Participar, vale frisar, da revelação de um jovem autor, de uma nova autora, de um novo poeta ou mesmo abrir o espaço para uma peça que poucos viram, para a publicação de um conto de um escritor estreante é algo que nos motiva a continuar seguindo em frente, olhando sempre adiante, mesmo que, em alguns momentos, nos sintamos fora da terra, como o albatroz de Baudelaire, mas sempre, e em todos os momentos, conscientes de nosso papel quando o que nos estimula é o desejo de sermos, também, como aquela ave, senhor dos ares!
A todos, nossa calorosa saudação e desejos de uma boa leitura.
Uma vez Clandestino, sempre Clandestino! 

Mário Gerson
Editor/Fundador 

Nenhum comentário:

Postar um comentário